terça-feira, 6 de novembro de 2007

pra nao ser diferente

Essa de escrever com palavras, esse código que todo mundo entende, me proclamar pro mundo, eu gosto e desgosto porque me faz ter raiva.

Que droga essa que o meio vira o fim, se é assim então eu to no começo. Mas eu sempre vou estar no começo, esse começo que nunca termina de começar, que eu sempre vou andar e correr dele, e não adiantando, no começo eu vou continuar a estar porque nunca e vou saber o que eu preciso fazer ou como fazer, ou que rumo tomar. Eu preciso morrer!

Mas ainda assim eu continuo no começo aaaaa!!!!

Eu não queria ser humana. Mas a experiência de morrer deve ser tão impar que de longe nos tange com uma curiosidade que perpassa o medo, a vontade, o respeito, e mais. E quem a busca com força pra consegui-la não é forte, é fraco por medo da vida. Mas eu também tenho medo e não tenho força.

Ei, eu quero morrer, só que não agora.

E então pra viver e começo e passar pelo meio não virando o fim, tem o amor. Sentir coisas que não dão pra descrever escrevendo, só sentindo. O irracional, espiritual, do humano se relacionando racionalmente, irracionalmente, sentimentalmente.

Mas então eu me confundo toda, me uso. Como aqui: o meio vira fim, escrevo coisas com essas letras pretas - códigos, sinais frios. Com vontade de parecer, de me aparecer.

O meio não é o fim!!!!! Que raiva! O meio é continuação do começo, que pode ser o fim sim. Mas não desse jeito.
Eu sou uma só. Fim meio começo em mim, e tudo junto. Com e sem amor, racional irracional que começou e vai terminar.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

con-fundo-me

Tomo cuidado com a vida, ela é preciosa demais.
Tomo cuidado demais com a vida, isso faz ela ser preciosa.

A vida não é vidro.
Engraçado o espelho, reflete a minha imagem, e quando eu dou um soco nele, ele continua refletindo a minha imagem, umas mil vezes.

Eu vou quebrar umas mil vezes, e vou continuar sendo eu, só que diferente por dentro. E vou ficar mais forte num pedacinho só de mim.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Inexistente inventado

Que coisa essa de estatística. Até parece que você é ou não é. Nenhuma afirmação é ou não é, até ela, que parece ser tão certa, depende do contexto. O subjuntivo “se” pode te levar a loucura, ainda bem que ele é meu amigo.
Não acredito em estatística, acredito em humor, em vento. Eu mudo o tempo todo, minhas células tão morrendo e nascendo, eu to pensando em constante convulsão. E quando não penso eu canto, ouço uma música em mim, ou lembro de alguma coisa que já passou, ou que inventei pra mim. Se o tempo voltasse atrás eu ia morrer, porque nada, ninguém (nem eu) ia saber como eu era antes, não consigo deixar de me desmudar.
Sou contra provas teste em salas de aula. E o verbo to be só se aplica em sua dualidade nas coisas, nas pessoas ele é só estar. Mas mesmo nas coisas ele não é tão dual assim. Existe a subjetividade.
Estatística é fantasia feia e transparente, não existe! A consciência disso não te leva à sabedoria. Quer ferramenta melhor do que os olhos, melhor do que os sentidos?? Fosse uma sabedoria dos sentidos, construída pela consciência do desserviço que a estatística presta, então sim.
Só aceito a estatística se ela for dinâmica.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Carta aberta

Estou cinematograficamente triste. Por causa de você, que me veio à memória agora, em situações já vividas sentidas expectativas.
Não esperava promessas. Eu ainda espero. Mas a que está aqui esperando é uma senhora dolorida, que muito ou pouco evita, que não deixa por viver. Seja em sonhos de olhos fechados, seja na vida-a-vida do dia de todo dia, cada um, dia.
Não te amo, nunca te amei (nos amamos talvez). Eu sequer sei o que isso significa assim, sem ser por dizer. Que assusto me dei agora. Mas eu amo alguns poucos que estão fora de mim. Você não.
Mas como eu gosto de você. Queria poder assistir você dormindo um dia, ver seus espasmos, que expressão tem seu sono. Você sabe que é injusto. Eu não gosto de você tanto assim, já falei.
Saiba que a minha paciência existe mas não é infinita (a minha paixão a vida sim é, sem desapego!). E muito longe da perfeição você está, quantas vezes você já não falhou comigo? Mesmo com coisas fáceis. De novo, não quero que me prometa nada, não é isso, quero que você me queira assim, por querer, por mim.
De tão repetitiva já estou chata, pareço você. É que às vezes me confundo, meu mundo não é o seu.
Estou te esperando ali onde agente sempre sonhou junto. Venha e me dê a mão (não quero ouvir sua voz), quero me sentir você.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

As vez

Aquela não seria a primeira vez. Aquela não seria a última vez. Nem a única. Aquela seria aquela vez.
A primeira vez não é porque ela sempre é. Não é a primeira porque não tem ponto de partida. O tempo dilui o frio na barriga por sentar ao lado, cruzar olhar. Não é o primeiro porque é borboletas na barriga.
Não é a última vez porque Ela não se anuncia.
Aquela vez é a que se vive querendo estar ali, num eterno que tem fim - um fim que não se quer, mas se sabe que existe. Então por isso o fim não é de todo indesejado, para que haja renovação da vez. Quem sabe a vez se repita.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Tô com dor

Ai que dor que não me sinto. Tanto forte é que é, que passa o sentido e começo a delirar. E deliro em sonhos loucos, imaginações insensivas, mas doloridas, que vão (estão a) me batucar a cabeça, numa música que ora danço no ritmo, ora repudio.
Ah! que dor prazerosa, em troca dela tenho meu prazer perdido em ínfimos segundos, em alguns quais em que me sinto tanto tanto que num ápice quase gozo inexistível me explico e tudo fica claro.
Mas que absurdo! Só me entendo quando não existo.
A dolor que me tirou a sensibilidade agora me deixou mais dolorida, de uma maneira mais triste só que mais viva.
Estou no processo, estou sendo processada.

Mesma coisa

Me confundi em tudo na mesma coisa: o tudo e o nada.
Olhando perspectivamente assim, o tudo sendo um conjunto de tudo, e o nada sendo o desconjunto de tudo, sendo que esse "des" significa nada.
Vê que tudo e nada são a mesma coisa?


E temos então a fraca idéia da perfeição.
Um ponto perfeito. Tão pequeno, e tão pequeno que é quase invisível. Aos olhos de alguém, vível, aos de outrem, não. Mas, dentro de si, o pontinho, tem o infinito. Vice versa que não necessariamente versa pros olhos de alguém e outrem. (Dá uma dança).

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Amora

- Senhor. (olhar baixo, dobra as pernas em pliê segurando o vestido)
- Senhora. (reverência com o chapéu)
- Meu amor.
- Minha Amora.


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A gente tá na época de amora. Frutinha pequena, bonita em sua beleza. Eu, particularmente não gosto (agüento? consigo? – drama) passar sob uma amoreira e ficar sem pegar pelo menos uma e sentir seu gosto azedoce. Na ênfase de comê-las eu pegava de qualquer jeito em minha brutalidade e elas sangravam em minha mão (cuidado com sangue de amora, marca pra sempre: mancha).
Mas não sei se vocês sabem, existe um jeito especial de colher amoras. É fácil – elas estão lá quase que só para serem colhidas – basta girá-las, e, em um ângulo mágico, seu cabinho vai se desprender e ela vai se dar a você. Sou tua. E girar com delicadeza como quem pega o nada.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Alô?

Quero que essa dor de cabeça passe,
quero carinho,
quero minha gatinha viva,
quero quatro quilos a menos,
quero passar em macro micro e estatística,
quero que meu pai e minha mãe acertem o divórcio sem ser no litigioso,
quero não ir mais no doutor Capello,
quero nunca mais ter que cortar as unhas do pé,
nem ter que escovar os dentes antes de dormir.
Quero aprender francês,
quero estar sempre cheirosa - cheiro de mim,
quero não cometer erros de português.
Quero querer a morte,
e não temer a vida.

Aqui não cabe tudo o que quero.
De qualquer maneira, não é de tudo impossível.
Mas com quem estou falando?

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Psicologicamente grávida

Estou psicologicamente grávida: não menstruo mais, e de meus seios sai leite (será o contrário do sangue o leite?). Em minha barriga desenvolve-se a vida, vida do mundo meu mundo.
Pintei minhas unhas de vermelho. Será o meu subconsciente - sub ali em baixo - que quer ver, bonitas, minhas unhas, sangrando, imitando vida?
Vida na ponta dos meus dedos que tanto fazem por se sentir.

"Cala a boca - olha a noite. Olha o frio."
O frio é um manto, que aquece meu bebê sozinho.

Meus sentidos não comportam tudo que sinto. É uma questão de ser insentível.
Quando, luz!, identifico o que sinto, sentindo por tudo sobre mim, me formigo toda estranhamente como se a dúvida me perpassasse.
(depois fico leve, é gostoso).

Uma coisa diferente, o que me deixa angustiada e sem rumo. Mas os pés andam assim mesmo. Acumulo vontade desnorteadas.
to fazendo meu caminhooooooooo êoooo-laiá laa...
Mas nao é um caminho assim bonitinho. Tá zuado.
(mas é um caminho que tem orgulho de ter sido um)

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

a árvore e suas flores

era uma vez uma árvore. era marrom. mais parecia um galho que a terra tinha cuspido, de tão fina e sozinha que era, mas a pessoas a chamavam de árvore. (ela tinha assim outros galinhos, como se fossem seus filinhos, mas ela, ela mesma, parecia um galho preso no chão pela vontade de viver e estar em pé se mostrando: "oi!" - em pensamento de árvore).
e tinha duas flores, uma azul e outra amarela.

viva, vivamos! amanhã começa a primavera.

ela gostava também de flores vermelhas, mas, quanta força ela tinha feito pra ter uma flor de cada cor! nem tinha mais folhas, mas em compensação bebia muita muita água.
"a flor vermelha é tão bonita. e a azul e a amarela também. qual a mais bonita?"
pensando bem, a árvore chegou a conclusão que se ela tivesse uma flor de cada cor, ela não seria mais uma árvore, e sim um buquê, ou um jardim, numa só árvore. que coisa(mão-galho na cabeça-galho indaga pensamento-galho).
com força de dar sede e provocar ranhura, força retumbada na dor da perda, a árvore se desprendeu da flor amarela e da flor azul.
virou galho.


ERRATA: amanhã, 21/09, não começa a primavera. amanhã é dia da ávore!! a primavera começa domingo dia 23 de setembro.
(curiosidade descuriosa: verão e primavera começam no dia 23, só outono e inverno começam no dia 21)
aliás, coincidência transparente o texto de árvore e o dia da árvore.
e ah! domingo dia 23 de setembro além de ser primavera é também dia do sorvete! (créditos by butti)

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Sono intangível

Mas que sonho louco é esta vida, em que quero dormir quando acordo e viver quando durmo.
Aonde vou quando não estou aqui?
Pra onde irei quando nunca mais estiver aqui?
De que é feita minha memória?
Me são colocados objetivos tão práticos, mas não tenho prazer em alcançá-los.
Terei prazer em renegá-los?
Sons e imagens tudo tão bonito. Uma beleza indescritível em palavras, e é nisso que eu tenho prazeres, na beleza. E que beleza! Que me sensaciona.
Mas acontece que às vezes fico cega de sentir e meu prazer se esvai, cegam-no, com até mesmo corte de faca cega (tão fácil culpar ou outros que não você, ou o outro dentro de você mesmo). Ou me iludo que não realizo a sensação – por já a ter vivido imaginariamente? –, e não vivo intenso quanto é a intenção da vida.
Durmo acordada em minha imaginação que não é sonho por me ser consciente. Da mesma matéria da lembrança que está na memória, só que ao contrário.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Fato (...mentira..!)

Isso é um pouco ingrato. Litera completa total, mente. Fato que sou o que escrevo, e escrevo o que sinto, mas. Não gosto de saber me reconhecer na feiúra das palavras, ou em que se tem de não belo, quase grotesco delas. Entretanto é que me firma no chão, me cravando em pé (e preciso disso também pra me afirmar como bela).
Me nego porque em primeira instância eu recuso, me dói, até ofende, ouvir aquilo que sou exata-mente. É que saindo da minha própria boca isso não fere, sou tão mansa em minha ofensa.
Mas quando sou reconhecida.

Aceitar ser o que agora estou é uma grande dor e revelação.

Mas esse revelar-se é tão nebuloso (eu por mim nos meus olhos sou, sou a farsa, o que é claro, mas é claro fraco. Só que quando o eu por mim, repassado por outros eus que não eu, rebate de volta, ricocheteia com força da verdade a que estou alheia mas que é minha realidade e então dói). E o aceitar então? É ver e assistir passivo quando ativo já se é na dor? Estou numa constante e lenta regurgitação de mim mesma.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Traduzeu

Antes de fazer uma poesia
Eu queria aprender a falar

A me transmitir com as pontas dos meus dedos,
mas não em letras pretas.

Fazer do meu cheiro uma voz
E de meus olhares seu idioma
Seria uma língua universal,
sem discriminação ou escolha

Meu corpo todo, minha porta,
Meus ouvidos a fechadura
(mas a luz tá apagada lá dentro!)
e a chave perdidamente aberta

mas nem que eu fizesse uma poesia.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Primeira vez

eu fico sempre sempre me enganando. faço coisas que pseudo me ajudam a fingir que nao to me enganando e assim, !, engano-me que nao estou me enganando.
não é triste. não é. a questão é que não é!
assim sou minha principal inimiga. meu pior pesadelo encontra-se no espelho. e eu ainda o enfeito! e acho bonito.
mas nao luto comigo mesma. (se lutasse teria um perdedor e isso aqui nao tem.)
é tudo um escorregão. um deslizar de lá pra cá. de finjimento em finjimento, falsos sentimentos. pensamentos. confusão de mim. kldnlzsdn\lç~s^SDFK|SDLÇ
deu vontade de bater as mãos no teclado.
(pela primeira vez esse é um texto que to escrevendo agora, enquanto digito, e vai ficar assim.)

fim.

Perda

A vida passando por sob, e sobre o os nossos olhos nos aquece, nos colore e nos adjetiva abstratamente até o infinito. Um infinito que se esvai tão rápido quanto uma roda de carro pode passar por cima de você.

E você sendo sujeito ou alvo da ação, não importa, é ator da vida. Essa coisa magnífica invisível a que somos apegados e a que temos uma paixão expressa no medo de deixá-la. Eu amava a vida da minha gata. Gatinha, e sem nenhum direito ou pudr eu a tirei. Eu amava o conjunto, gata com vida. A gata, apenas corpo, significava muito pra mim, mas eu sabia, com dor, que era algo que tinha que ser superado. O corpo a terra voltaria. Assim então eu amo a terra. Mas ela não está dissociada entre olhos úmidos, pelos macios, ronronar e rabo a me acariciar.

Não consigo. O que sinto pela terra talvez seja uma atração carnal do positivo pelo positivo, afinal, somos o mesmo. Mas a Gatinha, diferente da terra, tinha o sangue, o impulso vermelho que a fazia correr, mostrar seus dentes, dilacerar sua comida, viver assim como eu. Isso acima de tudo me atraia a ela muito mais do que a terra me atrai. No entanto agora que seu sangue é frio, eu sinto falta de seu calor, eu a quero aqui comigo de companhia mas a resposta é simplesmente não. Não vai mudar nunca. E esse nunca quer dizer pra sempre.

(contexto real: a Gatinha era minha gata querida, tinha 9 anos e eu a atropelei com o carro na garagem de casa em meados de junho desse ano)


domingo, 26 de agosto de 2007

Conversa com oráculo

Eu precisava falar tanto com você agora.
Mas eu sempre só falo, falo.
Eu uso de você.
Que eu te dou de volta?
Que vontade de chorar.
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Na verdade eu nao sei o que quero.
Estar aqui agora é que não é.
Tão sozinha, até de mim mesma.
Minhas lágrimas sao seres estranhos a mim, meu corpo me é estranho.
Não me reconheço como um todo.
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E o que espero?
Você entende de mim mais até do q eu!
Você nao sabe me dizer?!
Diz. Por favor diz.
To triste de uma tristeza que eu não sei porque.
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Parece que eu só converso comigo em entrelinhas.
Que papo é esse??
Tenho que me fingir quantas pra me entender?
Quantos papéis devo vestir pra me atuar pra mim mesma?
E você vê toda essa peça?
Como sou otária.
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Tentativa de tentar ser

Aqui sob a construção de mim vem a desconstrução.
A falsidade mora aqui, em vão não.
Sou escrava disso daquilo de palavras.
Embora tento, as tentativas são tão fracas em si mesmas que nunca alcançarão objetivo qualquer.
Sei consciente inconscientemente mas finjo não saber pra mim mesma e isso funciona pros outros também.
Saibam junto comigo que sou falsa e sou muito maior do que mereço ser.
Ocupo muito espaço.
Essa vida que carrego com o dever da morte não entendo mas a finjo hipocritamente em situações que às vezes odeio, outras amo, e outras não sei.
Finjo agir por impulso, quando é premeditado, e quando o impulso vem, às vezes não sai, e quando sai às vezes não é natural.
Finjo gostar, quando nem reparo, e quando gosto não sei demonstrar.
Finjo não ter medo quando na verdade furo o sinal vermelho a noite. E quando não tenho medo finjo ter.
O pior, pergunto e finjo não saber a resposta quando na verdade a resposta está em mim. O pior, é que finjo pra mim.

sábado, 25 de agosto de 2007

Materializando pensamentos

Eu gosto de escrever. Palavras. Palavras fracas. Meu comprometimento com elas é nulo e, no entanto eu posso fazer promessas mil, e divagar, raciocinar de maneira linear. Mas ao mesmo tempo, de vocês, eu sou escrava. Ah, como dependo de vocês. E inanimadamente vocês se defendem em seu não-me-toque. E como feri-las? Quero feri-las? Mal consigo por me em pé através de vocês, uma bengala em que me apoio mais no outro pé do que neste. Na verdade agora percebo, como sou boba, der, cega e boba. Não tendo comprometimento com vocês, eu escrevo com vocês e é só. Eu falo com vocês, eu penso com vocês, eu canto. Mas ainda não me dominaram por completo. Rá! Bobas.

Eu vejo sem vocês, eu sinto sem vocês, eu ouço sem vocês. Tolas, não sabem o que é o gosto de um chocolate, ou a dor de um tapa na cara, a beleza de um horizonte, o barulho do vento nos ouvidos. Vocês só descrevem isso, só passam de um ponto pro outro. Minha vida repassa por vocês, mas as ultrapassa.

Mas eu ainda não me sinto livre. Vamos fazer as pazes?

Eu não preciso me soltar de vocês, querer eu quero, conseguir eu não consigo – por isso eu facilmente, sabendo, quero o desafio de me desacorrentar de vocês e viver em comunicação direta com a natureza.

Caramba! Que eu preciso fazer?

Ta bom, eu quero viver com vocês, pra sempre, e ser livre também, e livre de mim mesma, de minha própria consciência, que me faz ter preconceitos comigo mesma.

10/08/07

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Escrever

O que eu quero tanto alcançar? O que eu quero tanto entender escrevendo? Eu não sei.
Me sentir completa, não dá. O vazio faz parte de mim, tenho que compreendê-lo ao mesmo tempo que o sinto e sou o mesmo.
E tenho que gostar desse conjunto. Gostar, adorar, me identificar. Sei lá.
E as afirmações se perdem em exclamações interrogativas e vice-versa. Nada é seguro.
Sou segura de mim mesma? Sim não? Nem disso sei.
Vou ter que dar mil voltas pra encontrar algo em que me firmar. O que seria baseado na não afirmação de que sou segura. E significa nada, mas em si, tem a segurança. É o chão nele próprio, e esse é meu único sapato de terra.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

ao som da música

Não me sinto viva. Estou dependente dos outros.
Por que só frases curtas? E ao ser chamada de acrítica, ou de em processo de formação de maturidade eu me exalto sem nem saber porque. Por quê?
Vinte anos de vida. E eu quero socializar, quero me esfregar, estou disposta a me entregar. E só uso verbos da primeira conjugação.
Preguiça de cortar o mamão, ou descascar a manga.
Preciso dos outros, isso é mais do que sabido. Mas de que forma eles me complementariam? Para que eu faça sentido e funcione.
Meu cabelo é bonito. Querem me agradar.
Não será só isso. Será?
Acho tantas coisas tão bonitas, e onde está a minha beleza? Ela existe eu sei, mas tenho que ter forças, força, força humana. Começou quando eu sai da minha mãe.
E vivo tudo tão intenso. A força com que eu pego na lapiseira, o peso de uma perna sobre a outra, o liso do meu cabelo sobre a minha mão, e às vezes tudo é tão manso. Principalmente quando eu ando e não estou em mim. Estou um pouco em tudo. Olho pra todos e a partir de todos sou todo mundo. Leve como o ar, e o barulho que entra em meu ouvido demora tanto pra fazer efeito.
Não posso sentir tudo em mim. Mas é inerente, está acima de mim. Tudo me pertence e ao mesmo tempo nada. Fundo-me com o mundo em comunhão distinta.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Gerúndio (ou Lágrimas)

Sinto saudades do ontem.
De quando eu era tapada pela minha inocência.
Que os centímetros a mais que me separavam da minha altura me protegiam de lágrimas escorridas por causa de não sei.
Fui em busca de não sei.
Os centímetros vieram conforme o vento bateu nas nuvens.
Mas os malvados ventos não pararam e a minha altura sim.
E eu ainda não sei.
E eu preciso beber tanta água.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Mas que lógica tenho eu, que não pedi pra nascer, nem sei quando vou morrer?


Mágica

E pá! Comecei a sentir, o limiar daí pra antes eu não faço idéia. Tampouco sei pontificar esse momento no tempo, no infinito. E pá! Um dia eu vou parar de sentir, vou virar matéria inanimada.

Mas eu não sei quando ou como. Nem do primeiro nem do segundo.

Sei que no ínterim, eu existo junto da minha imaginação, sensações e pensamentos.