sábado, 25 de agosto de 2007

Materializando pensamentos

Eu gosto de escrever. Palavras. Palavras fracas. Meu comprometimento com elas é nulo e, no entanto eu posso fazer promessas mil, e divagar, raciocinar de maneira linear. Mas ao mesmo tempo, de vocês, eu sou escrava. Ah, como dependo de vocês. E inanimadamente vocês se defendem em seu não-me-toque. E como feri-las? Quero feri-las? Mal consigo por me em pé através de vocês, uma bengala em que me apoio mais no outro pé do que neste. Na verdade agora percebo, como sou boba, der, cega e boba. Não tendo comprometimento com vocês, eu escrevo com vocês e é só. Eu falo com vocês, eu penso com vocês, eu canto. Mas ainda não me dominaram por completo. Rá! Bobas.

Eu vejo sem vocês, eu sinto sem vocês, eu ouço sem vocês. Tolas, não sabem o que é o gosto de um chocolate, ou a dor de um tapa na cara, a beleza de um horizonte, o barulho do vento nos ouvidos. Vocês só descrevem isso, só passam de um ponto pro outro. Minha vida repassa por vocês, mas as ultrapassa.

Mas eu ainda não me sinto livre. Vamos fazer as pazes?

Eu não preciso me soltar de vocês, querer eu quero, conseguir eu não consigo – por isso eu facilmente, sabendo, quero o desafio de me desacorrentar de vocês e viver em comunicação direta com a natureza.

Caramba! Que eu preciso fazer?

Ta bom, eu quero viver com vocês, pra sempre, e ser livre também, e livre de mim mesma, de minha própria consciência, que me faz ter preconceitos comigo mesma.

10/08/07

2 comentários:

Enric Llagostera disse...

ótimo texto! você escreve muito bem mesmo! cada palavra é forte no que você escreve, nenhuma delas está ali sem sentido.

palavras... o que são palavras? são pensamento? código? segredo?

pra mim elas são um pouco isso que você escreveu: materializando pensamentos...

estarei sempre por aqui lendo! ;)

Carol Marra disse...

Metalinguagem!

Receita pra lavar palavra suja!