terça-feira, 3 de novembro de 2009

Números imaginários

Partindo da noção de que eu só me entendo linearmente, eu me encanto com a minha ignorância de mim mesma.
O tempo é o nome daquilo que não sabemos. Nele cabe o futuro, tudo o que está por vir, e tudo o que já foi. Como pode isso? Uma coisa que comporta tudo? O tempo é a nossa noção cartesiana da vida; mas me parece que só tem uma dimensão.
Quê necessidade é essa de quantificar tudo? Qual o motivo de querer nos comparar em medidas, se eu sou eu e ninguém nunca vai saber o que é isso além de mim mesma?
E isso me faz sentir, ao mesmo tempo, achatada na minha noção de mim, e também perdida e confusa, porque sou de infinitas dimensões.
Essa vontade de me quantificar em escalas, legendas, números me faz distanciar de mim mesma. Eu sou eu. Só eu sou eu. Eu só sou eu. E isso é infinito pra dentro de mim.
Mas estou com dificuldade de me encontrar, porque pra fora sou um conjunto de afirmações, negações, estatísticas; e tudo isso, incrivelmente, depois de 22 anos pelo menos, me faz confundir a de fora com a de dentro. Não sei se é necessariamente uma confusão, mas é uma indefinição, e uma sensação de ser e não se saber o que se é.
Compreender a vida implica, também, descontruir essa noção de sequência linear e cumulativa a que a traduzimos, não acha?
Ah se nunca me tivesse sido apresentado o tempo...